A Torre Matarazzo é um edifício comercial com localização privilegiada: encontra-se na Avenida Paulista, na esquina com a rua Pamplona, em São Paulo. O edifício possui 30 pavimentos. Destes, 7 pavimentos são subsolos; 7 são destinados ao térreo e ao shopping center; 5 são pavimentos-tipo zona baixa; 8 são pavimentos-tipo zona alta; e 3 são compostos por casa de máquinas, andar mecânico e heliponto.
Assinado pelo renomado escritório Aflalo e Gasperini Arquitetos, o empreendimento foi premiado na 9ª edição do Grande Prêmio de Arquitetura Corporativa, uma das mais importantes da América Latina, como o Melhor Projeto Construtivo de São Paulo.
Quanto ao projeto paisagístico, além das 60 árvores centenárias nativas que foram preservadas no terreno em que foi erguido o empreendimento, a cidade ganhou uma nova área verde mantida pelo Shopping, com 106 novas mudas, todas de espécies originárias da Mata Atlântica. Com mais de 2 mil m², o projeto abrange a criação de uma praça para uso público, com áreas de descanso, convivência e contemplação.
O empreendimento conta ainda com ampla área de circulação externa, o que permite fácil acesso de veículos e pedestres, além de porte-cochère que facilita o embarque e desembarque de pessoas em área coberta, situada em frente à entrada principal do edifício.
O projeto recebeu pré-certificação na categoria Gold do LEED e se enquadra na seleta categoria Triple A, contemplando recursos equivalentes aos dos empreendimentos mais sofisticados do mundo.
Enfrentar os desafios de logística, armazenamento e transporte no canteiro de obras foi uma das tarefas de maior complexidade tanto para as equipes de concepção quanto para as de execução da estrutura. Isso porque, além do espaço para movimentação e armazenamento de materiais, peças e equipamentos dentro do canteiro ser escasso, a circulação e as descargas na região ao redor do terreno de implantação, na Av. Paulista, são extremamente restritas. Deste modo, o próprio edifício, enquanto era construído, serviu como apoio para o canteiro de obras, recebendo assim, dimensionamento adequado a esta situação de sobrecarga.
O edifício foi dividido em oito setores, sendo um deles o núcleo da torre. Estes setores foram construídos em ritmos diferentes: enquanto os setores 2, 3, 4 e 5 serviram de apoio ao canteiro de obras (para armazenamento de materiais ou estacionamento de caminhões betoneira, por exemplo), os setores 1, 6, 7 e o núcleo da torre (8) foram sendo construídos separadamente, em defasagem.
Dificuldades de logística também impossibilitaram de serem utilizadas certas tipologias estruturais, como lajes alveolares, pré-lajes com painéis treliçados e vigas pré-fabricadas, já que viabilizar a movimentação destas peças seria praticamente impossível na região onde se encontra a obra. A estrutura foi, assim, concebida em concreto armado moldado “in loco”, opção viável do ponto de vista técnico e econômico, além de logístico.
Vale levantar alguns pontos interessantes sobre a estrutura, como algumas áreas protendidas. No primeiro subsolo, para compor a região das docas e possibilitar a movimentação e estacionamento de caminhões, foram projetados grandes vãos entre pilares (12,5m por 15m). Desse modo, foram utilizadas vigas protendidas para suporte dos pisos acima dessa área até o quarto pavimento. Além disso, entre o primeiro subsolo e o pavimento térreo, foi necessário interromper um pilar de modo que uma rampa de acesso pela Avenida Paulista fosse posicionada. Assim, solucionou-se a questão com uma viga-parede estrutural protendida como transição entre os pavimentos.
O escoramento e sistema de fôrmas também receberam especial atenção, principalmente na área do cinema e do teatro (onde as vigas e lajes são espessas e pesadas por exigência acústica e onde o pé direito atinge 12m), na região das lojas (onde o pé-direito é de 6m) e na praça de eventos e no lobby da torre (onde o pé-direito atinge 24m). Nestas áreas foi utilizado um sistema de cimbramento com escoras metálicas que permitia cargas de até 2tf por poste.
Outro desafio enfrentado foi a influência das cargas de vento na estrutura do edifício. Assim, para a Torre Matarazzo, foi necessário analisar tais esforços detalhadamente. Atualmente, a melhor forma de avaliar a resposta dinâmica de vento em edifícios altos é através de ensaios de túnel de vento. Estes ensaios têm utilizado um método conhecido como High Frequency Pressure Integration (HFPI), que consiste em simular a camada atmosférica próxima ao solo em escala reduzida em um túnel de vento. Utilizando uma instrumentação adequada para simular o perfil de velocidades de vento compatível com a região onde o edifício será construído, é simulado, também, o nível de turbulência compatível com tal perfil. Uma vez que o perfil de velocidades atmosféricas esteja corretamente simulado, um modelo de vizinhança junto a um modelo com centenas de medidores de pressão sincronizados é construído. No caso da Torre Matarazzo, foi utilizado um modelo da torre com a altura original de 185,3 metros. Depois disso, os resultados foram adaptados para a versão do edifício mais baixa.
Com os dados de carregamento no domínio do tempo, extraídos dos resultados do túnel de vento, e com as características estruturais do edifício, uma análise dinâmica foi realizada. Respostas de deslocamento, aceleração e velocidade angular foram obtidas para os carregamentos (para cada modo de vibração), sendo, posteriormente, sobrepostas para encontrar o resultado final (sobreposição modal).
Arquitetura | Aflalo e Gasperini Arquitetos
Incorporadoras | Cyrela Commercial Properties S.A. e Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário S.A.
Área do terreno | 11.925m²
Área construída | 124.500m²
Local | São Paulo, SP
Início do projeto | 2010
Conclusão da obra | 2015
Certificação | LEED GOLD e Triple A
Área do terreno | 11.925m²
Área construída | 124.500m²
Local | São Paulo, SP
Início do projeto | 2010
Conclusão da obra | 2015
Certificação | LEED GOLD e Triple A